
Um levantamento sobre a infraestrutura das escolas da rede estadual de São Paulo indica que 99% das unidades escolares não possuem enfermaria, consultório médico ou ambulatório.
O estudo aponta ainda que 82% das escolas estaduais não têm mais de dois sanitários para uso dos estudantes.
Os dados constam de um levantamento realizado pelo IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil) e pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) a pedido da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo). Além do levantamento, IAB e Apeoesp divulgam hoje um “Manual técnico para escolas saudáveis”, que traz referências para a construção de espaços escolares adequados às necessidades da pandemia do coronavírus.
“Em resposta às demandas da pandemia, mas também visando a constituir um espaço permanente de apoio à saúde dentro da escola, faz-se necessário que todas as edificações tenham um ambulatório ou um espaço de acolhimento, onde possam ser realizados atendimentos de primeiros socorros e isolamento de pessoas que apresentem sintomas durante sua permanência na escola, sejam estes da covid-19 ou de quaisquer outras enfermidades”, diz o manual divulgado pelas entidades.
O levantamento aponta ainda que 11% das escolas estaduais não têm pátio, 13% não têm quadra, ginásio ou campo de futebol e 79% não possuem vestiário. Outro dado é que 48% das unidades escolares não têm sanitário acessível para pessoas com algum tipo de deficiência. Para a presidente da Apeoesp, deputada Maria Izabel Noronha (PT-SP), o levantamento “coloca em números o que nós, professores, sabemos há muito tempo: a infraestrutura das escolas da rede estadual paulista é precária”. “Isso já era extremamente prejudicial para o processo pedagógico. Agora, em plena pandemia, passou a ser perigoso”, diz.
O manual aponta ainda que, “em meio às condições adversas decorrentes da pandemia da covid-19, o olhar para as edificações escolares busca adaptações espaciais que contribuam para a não-disseminação do vírus e para a garantia de ambiências saudáveis”.
Entre as orientações gerais trazidas pelo documento, estão o distanciamento entre alunos e professores, a manutenção de portas abertas para evitar manuseio de maçanetas e promover a circulação do ar, além da realização de atividades escolares em espaços abertos, como parquinhos, pátios e quadras poliesportivas. O manual sugere ainda que sejam realizados diagnósticos de cada escola, com participação de representantes de alunos, funcionários e professores, para que seja então elaborado um plano de ação com estratégias para um retorno seguro das atividades escolares, quando for o momento adequado.